CANTO DE FRASSINO

Os meus horizontes são de Vida e de Esperança !

Textos

ROMAGEM DA MINHA SAUDADE
“Trovas às Senhoras do Monte”

P´ lo cantar da cotovia
Nas ondas do horizonte
Subi às Senhoras do Monte
Com a alma em harmonia.

Saí da Casa da Beira
Em solarenga manhã
Pra ermida que n´ alto está,
Ex-libris de Nespereira.

Já lá fui de tenra idade
Vezes e vezes sem conta
E agora, por pouca monta,
Sou romeiro da Saudade.

Naquela íngreme encosta
Onde antes eram fazendas
Vêm-se agora vivendas
Duma aparência bem-posta.  

Do cimo da Belacosa
Por socalcos e vinhedos
Avista-se sem enredos
Uma paisagem frondosa.

Foi grande a coincidência,
Da minha maior estima,
Estavam lançando a vindima,
Deste Minho providência.  

Manhã repleta de calor
De colheita sem camisa
Toda a gente colhe e pisa
Os frutos do bom sabor.

Fresca encosta verdejante,
Antes carvalhos, pinhais,
Hoje, apenas, eucaliptais
De uma cor extravagante.

Aqui e além moram fragas,
Por entre elas há veredas
Que s´ estendem sós e ledas
Pelas musgosas quebradas.

Estão à vista as capelas,
De S. João e das Senhoras,
Quem lá vai esquece as horas
E o silêncio à volta delas.

Vêm-se rochas memoriais
Com parques pra merendeiros
Há décadas que os romeiros
Por ali deixam os seus sinais.

Na mais santa das Montanhas
Rente às sagradas ermidas
Elevam-se empedernidas
Duas sumidades-estranhas.  

Uma é o cruzeiro da Fé
Restaurado do trovone
Outra é a torre da Vodafone
Que ninguém sabe pro qu´ é.

Ali mesmo um memorial
Escrito com engenho e arte
Cita o primo padre Duarte
Dos romeiros primordial.

Estava eu nisto pensando
Quando passa um pelotão
Duma BTT em diversão
Que ia por ali passando.

É assim aos fins-de-semana
Habitual giro em bolina
Naquela santa colina
De uma ou outra caravana.

Desfraldei uma oração
Antes de me despedir
Das Senhoras que a sorrir
Me benzeram o coração.

- Ó Senhora da Lapinha,
E do Monte e da Guia,
Canto pra Vós com magia
À luz de acesa estrelinha.  

Quão belo o azul do céu,
Ao longe a linha do mar,
Foi muito bom aqui estar
Levo na alma um troféu.

Olhei o fausto do horizonte
De todo o concelho primaz,
Sentindo-me feliz e em paz
Desci das Senhoras do Monte.

Um dia aqui voltarei
Pra alimentar a Saudade
Nas asas da liberdade
Que desde a infância gerei!

Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 26/09/2015


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