MISSIVA AO PADRE JOSÉ MARQUES de Serzedelo
Lisboa, 16 de Junho de 2015
Caríssimo amigo, padre José Marques, “Boas noites e, antes demais, é com agrado que vejo alguém escrever sobre as senhoras do monte. Todos somos poucos para fazer memória das riquezas de Cerzedelo e do seu património. Por isso, os meus parabéns em nome da comunidade paroquial, pelo que, dessa memória mormente religiosa, pretende perpetuar nos seus escritos.” Agradeço muito sinceramente o ter respondido à solicitação informativa que lhe remeti com toda a amizade. Estou-lhe reconhecido e um pouco mais esclarecido acerca do assunto em causa. O meu sincero obrigado. Passo a apresentar-me. Eu sou Francisco de Assis (pseudónimo poético Frassino Machado) e moro em Lisboa, mais propriamente em Odivelas. Sou aposentado desde há dois anos do magistério de professor – curso secundário – na disciplina de História. Desde aí tenho-me dedicado a escrever poesia, embora a música também me envolve profundamente, pois sou organista desde sempre na Igreja de Nª Senhora da Conceição, nos franciscanos do Seminário da Luz, Lisboa. Sou natural da freguesia de Nespereira, vossa vizinha, como sabe. A Casa de Família (Casa da Beira, e alguns terrenos) está situada a meio da encosta oposta às Senhoras do Monte, onde passei a minha meninice e adolescência. Daí que as ermidas das Senhoras do Monte sempre foram um local privilegiado a tempo inteiro… Como estou preparando um livro de poemas intitulado CANÇÃO DA TERRA, a editar nos próximo dois anos o qual integra muitos textos relacionados com toda esta região. Daí o esclarecimento que lhe pedi acerca da identificação das referidas Senhoras. Claro que algumas referências histórico-geográficas estão já um pouco fragilizadas, resultado da minha longa ausência dessa região (desde o vinte e cinco de abril de 74) e, porque sei que já aconteceram imensas transformações por esses lados. Como só esporadicamente é que passo pela Casa da Beira, onde habita um irmão meu, também escritor e poeta, muitas coisas de facto tendem a esquecer. Todavia, como estou altamente devotado em fazer reviver as minhas Memórias mais profundas está aqui a razão do meu empenhamento. Quanto à CANÇÃO DA TERRA, logo que esteja editado terei muito gosto em oferecê-lo à vossa Paróquia, bem assim outros livros que já tenho publicado. Faria questão, até, de os ir levar aí pessoalmente, se isso se proporcionar. “Não sei quais as suas fontes, orais e/ou escritas, mas serão possivelmente fruto de árdua investigação e, por isso, mais fiáveis do que as que tenho e que lhe exponho: MARGARIDA RIBEIRO, Cerzedelo e a sua festa das cruzes. Elementos para o seu estudo, ed. Gráfica Vimarenense, 1972, página 31: «no interior do armário envidraçado que serve de retábulo e se sobrepõe à mesa do altar-mor, expõem-se as imagens de Nossa Senhora do Monte, da Lapinha e da Guia». A corroborar tal afirmação, tenho uma pagela/memória (ainda a preto e branco) que me foi entregue à morte de uma senhora de idade avançada, onde o corpo das imagens , segundo me contava, ainda eram apenas estruturas de arame, cobertas pelos vestidos. As mãos, face e pés, não sei determinar de que material seriam, nem me recordo dela mo ter algum dia informado. Nesta referida pagela/memória a nomeação das imagens é a acima descrita: Nossa Senhora da Lapinha, do Monte e da Guia. VOLTO a referir que desconheço as fontes, que deram origem as estas nomeações, mas de fontes orais, já outras vezes me referiram estes nomes. Envio anexo da referia pagela/memória.” Relativamente às fontes que tenho utilizado, por falta de oportunidades de me dirigir ao norte, nomeadamente ao Concelho de Guimarães que sempre me foi e é caro, quando necessito de informações mais objectivas sobre algo, desloco-me à BN, à TT e à Bletras de Lisboa, onde me encontro com frequência e onde fui aluno diversos anos. Posto isto, foi por lá que tentei esclarecer a minha dúvida sobre a referida identidade. Por coincidência não andava muito longe dos dados colhidos agora, pelo menos no que diz respeito a dois: Sra. Do Monte e da Guia (que eu vi algures que em certas terras é referida como Sra. a Piedade). Quanto a Sra. da Lapinha, lembro-me de uma tia minha falar dela mas relativamente ao correspondente santuário, próximo da Penha, que por acaso creio que se avista das Senhoras do Monte… Entretanto – e após os dados que me fez chegar e que repto como fidedignos – ficarei com esses: LAPINHA, MONTE e GUIA. Mas, como já tenho um poema citando os nomes que lhe referi, influenciado talvez pelos andores que surgem nas peregrinações às Senhoras do Monte, por enquanto deixarei assim e… depois se verá, não acha? Ademais, no fundo, convenhamos que «SENHORA é só UMA». Logo verei se faço a adaptação ou não… Mandar-lhe-ei aqui, em anexo, o referido poema. Além de outro que talvez goste de ler – relacionado com essa terra - e para os quais, se lhe for viável, estimaria um oportuno comentário. “Att Padre Marques” Por hoje nada mais se me oferece dizer. Mais uma vez, agradecendo a sua estimada prestigiada colaboração, aqui lhe deixo um forte abraço. Ao seu dispor sou Francisco de Assis M. Cunha /Frassino Machado
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 16/06/2015
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