O GRITO HUMANO
Ou
“A matança dos inocentes” Longe de mim lembrar de novo o real Nabuco Que um povo inteiro em seus escravos transformou E nem sequer Herodes que foi Grande e louco Que aos filhos de Belém um dia horrorizou… Nem me passam p´ la mente as tétricas arenas Para onde eram lançadas vítimas indefesas Por entre as feras e as Cesárias cantilenas E os meninos a arder em suas vestes presas. Longe de mim lembrar a imagem inocente Da Cruzada infantil p´ la agreste Ásia Menor, Sem esquecer de Átila a vil sanha ardente Que inspirou de Hernandes a sangrenta dor… Quero recordar, sim, o grito bem realista De milhares e milhares de humanos feitos “besta” E o traficante impávido, torpe e vigarista, Cantando loas a uma burguesia em festa. Quero relembrar, sim, já tão perto de nós, Os tirânicos autistas – génios mundiais – Que ergueram seus Impérios, abafando a voz Dos povos subjugados por lucros abissais. E não posso esquecer aqueles genocídios De um holocausto trágico qual selva aziaga, Que não fez pejo em planear infanticídios À filosófica luz de uma ciência amarga. E não posso esquecer as taras e manias Que à sombra libertária de cegueira afável Conduzem aos coqueteiles vitais de fantasia E que resultam num falhanço incontornável. E não posso esquecer os crimes e atitudes De iluminados por teoremas controversos Que ousam fazer passar por salutares virtudes A solução final de lideres tão perversos. Quero, acima de tudo, memoriar as vidas, Aquelas Vidas de engrenagem enviuzada, No seio triste das famílias desunidas Por uma violência atroz e desalmada. Fala-se tanto que não há emprego nem pão, E casa sem ter pão, sem ter luz, é enfadonha Fazendo acrescentar a negra inquietação Paredes-meias com a morte ou a vergonha. Eu sei que os Maiorais estão-se borrifando, Fazendo orelhas moucas a esta gente mansa, E esperam, afinal, que o tempo vá passando Até que não se fale mais desta matança… Ó grito claro dos nascidos para sofrer, Ó crianças de colo, ó jovens sem aurora Sem esperança nem horizontes p´ ra crescer Que aura memorial quereis aqui e agora? Ó grito lancinante de desesperação - Amordaçada voz travestida de consenso - Quem ouvirá o brado e traçará co´ a mão Um xeque-mate a todo este inferno imenso? Frassino Machado In MUSA VIAJANTE
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 14/04/2015
Alterado em 14/04/2015 |