“Ode aos desiludidos do Mundo”

Um grande rio de humanos seres deu vida
Àquela imensa nublosa sem precedentes
Na Cidade da Luz que despertou rendida
À lucidez daquelas almas combatentes…

A Marcha do Silêncio marcou espaço e tempo
Pra que s´ erguesse da Liberdade a bandeira
Da destemida luta contra o desalento
E a favor do derrube de uma vil fronteira.

O grito do Silêncio ecoa pelo mundo
Deixando a descoberto a miséria e a razão
Que põe a claro todo aquele sofrer profundo
Dos seres humanos que marcham na solidão.

Grande rio, silenciosa marcha e grito,
O onze de Janeiro foi posto na balança,
Revelando-se um fiel libelo circunscrito
Às justas ambições de paz e de esperança.

Porque é que não falais na hora da verdade,
Ó Potestades que a Liberdade incensais?
E porque desprezais toda aquela realidade
Que dia a dia, ano a ano, aumenta mais?

Ó sem-abrigo, sem-emprego e sem-terra,
Ó sem- amor, sem- esperança e sem-nome,
Quando lançais a acha para aquela guerra
Que mate finalmente toda a vossa fome?

Fazei ouvidos moucos pro que vedes e ouvis
Aos quatro ventos, de uma forma teatral,
Pois, pelos vistos, se o efeito não sentis
Nada disto será, pra vós, nem bem nem mal!

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA