VIDAS SEM VIDA
Estava no banco sentado
Esperando o seu transporte Um fulano abandonado Lamentando a sua sorte. Com um olhar embaciado E um rosto de fino porte Sem o tempo assegurado Denotava algum desnorte. Vivia algures sozinho Era viúvo e um pouco idoso Sem mulher e sem carinho E com os filhos desgostoso. Quem lhe dera ter ventura E saber porque a perdeu Como perdera a criatura Malgrado já estar no céu. Sempre adorou os seus filhos E deu-lhes a maior atenção E agora, entre chorrilhos, Perdeu-lhes o coração. Por eles queimou sua vida Dando-lhes casa e sustento E andam de vida perdida Aos quatro cantos do vento. - Não tenho falta de comida Dão-me banho a contento Aproveito a minha saída Pra ganhar algum alento. Que ninguém tenha no mundo A sorte que me calhou Este vazio, cá no fundo, Foi quanto ela me deixou. Sei bem que há muita gente, De lés a lés no país, Sem esperança no presente Mas que sonha ser feliz. Eu, porém, não vejo jeito De ver o sol a brilhar Não sei se é azar ou defeito E o tempo custa a passar… - Vem ali a camioneta… Oh, não é esta, é a seguinte. - Pois, com paciência discreta, Só me falta ser pedinte! Frassino Machado In AS MINHAS ANDANÇAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 25/10/2014
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