O TÓ DAS AVENCAS
Um tal fulano magricela
Lá das bandas de Lordelo Passava por Guardizela Com boina sobre o cabelo. Dizia pra toda a gente Com um vaso em cada mão Que era muito diligente E amante da profissão. - Trago estes vasos jeitosos Na minha cesta bornal Têm flores e são cheirosos E ficam bem no quintal. - São baratos e sem mossa, E neles não há encrencas, Não gosto que façam troça Por ser o Tó das Avencas. - Troco os vasos por avencas Para vender nas vielas São mais finas que as pencas E dou minha vida por elas. - Tenho muitas encomendas, Nem vejo quem tal consiga, E até já dão pr´ as merendas Na taberna do Bexiga. - Quando atravesso na linha Gozam comigo a valer Mas se eu me passo da pinha Hão-de ficar a gemer. - Sou Tó mas não sou totó, Que é uma coisa feia e rara, Se não param o farrabadó Parto-lhes a todos a cara. E era assim o castiço Tó Que nem nele tinha mão, Arreliado, metendo dó, Dava co´ s vasos no chão. Era magro e muito esguio Aquele Tó vendedor Andando num corrupio Atrás do senhor Prior… Quando a gente pensa nisto Dá-nos vontade de rir Mas, neste mundo de Cristo Quantos Tós hão-de emergir? Frassino Machado In CANÇÃO DA TERRA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 20/10/2014
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