ABRIL SAUDADE
“Aos vendilhões de Abril”
“Foi você que pediu Abril? Não sei bem mesmo porquê Nem me lembro o que isso é. Mas s´ é assunto tão febril, Isso é lá com ele e você!” Nós é que pedimos Abril Pois já dele temos saudade E de um país de qualidade. Quem o não sente é senil E não tem sensibilidade… Vós, porém, sois vendilhões E gozais de privilégios, Como se fosseis egrégios, E nós, cheios de ilusões, Perdemos os sortilégios. Vendestes nossos direitos Rasgastes nossas conquistas E, à laia de fogo de vistas, Engalanais vossos preitos Com discursos elitistas. Vendestes aos vis credores A justiça e a educação, E até a Constituição, Ficando nós devedores De uma Crise sem razão. Vendestes a saúde e as leis As escolas e hospitais Para amealhar capitais E nós, cidadãos fiéis, Com uns trocos virtuais. Vendestes os operários Os projectos e as pensões Toda a alma e corações E nós, com ideais primários, Empenharemos gerações. Vendestes nossas baladas E nossos cantares de outrora E vindes felizes agora, Em escuras alvoradas, Colocar o Abril lá fora. Vós, vendilhões afamados, Nessa Casa da Oratória Respirais virtude notória Em cadeirais instalados Na esplanada da história. Temos, sim, muita saudade E queremos recuperar O que o sonho reclamar Nas asas da liberdade De um Abril que há-de voltar! Frassino Machado In RODA-VIVA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 26/04/2014
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