“Aos judas de hoje e de sempre”

Trinta denários foi o preço estipulado
Com um direito que dispensa ajustamento
A “boa causa” essa fica em juramento
Para que o povo se não julgue injustiçado.

- Em verdade vos digo: irei ser atraiçoado.
- Serei eu? Foi a voz, ouvida num lamento.
- Quem mete aqui a mão no prato de momento
Há-de ficar eternamente desesperado…

O espanto foi geral, mas Judas ripostou:
- Não há problema. Toda a malta em mim votou.
(Mesmo entre convicções surge um Iscariote).

- Votou, sim, e porque és tão bom a fazer contas,
Vai ajustá-las bem antes que fiquem prontas
E não percas a fama em mais este calote…

Ser ou não ser traição é questão para se ver:
Quem tem denários tem talentos e é mais forte
Porém, em cada lar, os euros estão a arder!

Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA