QUEM TEM MEDO DE QUEM II
“In hoc anima vinces!”
Se acordares p´ la manhã com muita ansiedade Se não tiveres noção da tua própria idade; Se o teu quotidiano não te disser nada E te faltar a estrela p´ ra tua jornada; Se não tiveres nenhum sustento à tua mesa E os meios que tiveres forem de incerteza; Se não tiveres clareza para o teu caminho E não tiveres alguém que seja teu vizinho; Se não tiveres bornal para levares bagagem Nem recheio que baste para a tua viagem; Se não tiveres ideia para onde ires Nem sequer um projecto para construíres; Se não tiveres lugar para te aconchegares Nem um sorriso alegre para tu levares; Se não tiveres na hora algum acolhimento Nem coração aberto para aceitamento; Se não tiveres em ti uma plena confiança Nem uma cordial fé que te dê esperança; Se não tiveres engenho para vencer o medo Rasgando na memória este íntimo segredo; Se não criares em ti uma inocente idade Que te revele totalmente a liberdade; Se vieres a descobrir que o poder nada te diz Tendo vontade de o cortar pela raiz… Grita ao mundo, em arreganhado desafio, Que pretendes preencher de vez este vazio. E, então, te hão-de perguntar com voz de lei: - Quem és tu, cidadão, e qual a tua grei? E tu responderás, com emoção: – Não sei! Frassino Machado In ODISSEIA DA ALMA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 17/02/2014
Alterado em 17/02/2021 |