O MAR - LAZER
“À laia de epigrama”
Lá para as bandas da Póvoa Do lado de A-Ver-o-Mar Aconteceu-me uma estória Que é digna de lembrar. Era ainda adolescente De feitio acomodado E não cabe cá na mente O ter sido enganado. Um “macaco” amigo meu, Duma trupe de ginjeira, Descobriu-me e arremeteu: - Queres nadar até à Madeira? Apanhado de surpresa, Pois de mar não sei pevide, Fiz do peito grã firmeza E aceitei aquela lide. - Vamos lá, ó manga Zé, Como tu és meu amigo E este mar até tem pé, Nadar bem é cá comigo. Os dois fomos juntamente Por aquele mar a dentro Eu atrás e ele à frente Era bom, cortava o vento. O Zé disse: - fui primeiro, Esta taça já é minha! E nadou todo lampeiro Pondo pé fora da linha. Eu cheguei pouco depois, Perguntei-lhe p´ la Madeira. - Eh, agora qual dos dois Acha graça à brincadeira? Rematando, de assentada, - Tapa o vento que constipo, Tu de mar não sabes nada: A “madeira” é a do pipo! - Ah, meu grande maganão, Estás brincando a toda a hora, Se te apanho um dia à mão Não perderás pela demora! Frassino Machado In RODA-VIVA POESIA Nota: este evento foi real. Na Póvoa de Varzim, Manhã de nevoeiro, Agosto 1966 Chico de Assis & e mestre Zé Marques Frassino Machado
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 06/02/2014
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