“O Moribundo”

Tudo na vida tem o seu outono –  
É uma perene lei da Natureza –
E não há que temer esta certeza
Que da própria Lei ninguém é dono.

Não há direito de causar transtorno,
Por incúria ou mesmo vilaneza,
Obrigando a pagar com vil crueza
Um mísero protesto de desabono.

Estas e outras leis estão matando
O que, de si, já vive moribundo
Sem forças para se regenerar…

O Estado Social vai definhando
Num iniciar de coma bem profundo
Esperando que alguém venha pro salvar.

Se houver que ajuizar desta conjura
Dir-se-á ser engenhosa partitura
Da inigualável Arte de Furtar!


Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA