BALADA DO MEU NATAL
"Aos ingénuos deste país"
Cantam branda, brandamente, Como quem canta por mim Será Natal será “presente” Presente não é certamente E o Natal não canta assim. É balada de charlatão Cantando um fado maior Traz maleta em sua mão Bem recheada de cifrão E de amostras de valor. À porta vem-nos cantar, Dando ar de competência, Traz produtos pra mostrar Telefone a experimentar E contrato de excelência. - Nada de encargo nem manha, Tem qualidade e bom trato, De início você é que ganha É barata esta campanha Para quem fizer contrato. Puxei-o para meu lado E dispus-me a entrar na dança - Ó senhor, aí do mercado, Não encontra outro recado Para fazer sua cobrança? - Eu não sou o Pai Natal, Ando aqui no meu emprego, Se isto não der, coisa e tal, Troco-me já por fiscal Para seu desassossego. - Pois, só me faltava esta, Tenho os meus pra alimentar Trazem cá o que não presta Em vez de pão trazem festa, Ponha-se, mas é, a andar! - Este mundo anda às avessas Em vez de um ar natalício Com rituais e conversas Vêm com falsas promessas Pôr a mente em reboliço. Cantam branda, brandamente, Como quem canta por mim Será Natal será “presente”? Presente não é certamente E o Natal não canta assim! É Natal?... ninguém contesta, Há brilho no meu quintal, Meu coração ´stá em festa E não há Festa como esta: É «Balada do meu Natal!» Frassino Machado In RODA-VIVA POESIA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 12/12/2013
Alterado em 12/12/2020 |