CANTO DE FRASSINO

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Textos

O SEU A SEU DONO
Missiva a Mª João, II parte
“A uma poetisa equivocada”

Proposição inicial - «Acrescento que me terá entendido mal. Não publiquei um artigo, dei-lhe uma resposta apressada na qual lhe confessava a minha indisponibilidade para a crítica literária, não a minha opinião sobre a matéria, Frassino Machado.
Quanto à debilidade conceptual... pois terei de registar que assim classifica palavras de António de Sousa que me limitei a citar... mas talvez não conheça este autor, embora a sua obra tenha sido abordada, no final da sua vida, por Natália Correia e, mais recentemente, no Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português, com coordenação de Fernando Cabral Martins. Posso até deixar-lhe um link para um blog que criei e que neste momento se encontra parado por falta dessa mesma disponibilidade… A minha pouca saúde física já não me permite a mesma actividade, em termos de publicação, que tinha há uns quatro ou cinco anos...
Voltando ao seu texto, congratulo-me muitíssimo por saber que há quem se sinta vocacionado e habilitado para exercer essa actividade, não tenha qualquer dúvida quanto a isso!».
Maria João Sousa, poetisa

Estimada Mª João, creio que quem não terá entendido o sentido do meu “discurso crítico” terá sido, sem dúvida, a minha amiga. Passo a explicar-me:
1 – O texto que elaborei não é um texto de crítica, mas sim um texto epistolar, levado a cabo por alguém com a preocupação de demonstrar a sua ideia sobre a atitude do poeta relativamente à Poesia. Logo, é um poeta que escreve e não um crítico literário.
2 – O objectivo que presidiu à minha intenção foi tão só levá-la, a si, à consciencialização acerca da postura do poeta na sua relação com as “coisas” e com o “mundo”. E referi, se não estou em erro, que essa deve ser a vocação do verdadeiro poeta. Trata-se, pois, de uma intenção pedagógica e solidária para consigo, concorda?
3 – O facto de eu ter referido a expressão “debilidade conceptual” apenas quis dizer com isso que o argumento encontrado para justificar a sua indisponibilidade relativamente a uma simples opinião crítica, está condicionada à partida pela fragilidade em sustentar a sua “razão absentista”.
4 – Sim, uma perspectiva metafórica foi a que utilizou, no seu preâmbulo, já que atribuiu à sua posição um sentido virtual, usando da imagética própria de uma outra realidade quando, na verdade, o que estava em causa era puramente um raciocínio sentimental. Utilizou a expressão “vestir a pele de crítica”. A crítica não é nenhuma indumentária mas, antes, um ponto de vista. Convenhamos que é bem diferente…
5 – Por outro lado a suspeitada “catilinária” usada por mim, no contexto polémico em causa, não foi dirigida contra o poeta António de Sousa, longe disso por favor, mas sim contra uma pretensa opinião de terceiros utilizada pela minha amiga como teor argumentativo em causa própria. Daí eu ter referido a expressão “debilidade conceptual”, que o é. Portanto, se há crítica, ela é dirigida não ao poeta mas à poetisa.  
6 – Agradeço o fornecimento utilitário dos referidos links de internet, acerca de António de Sousa, que já conhecia ocasionalmente pois que os encontramos em diversos Sites da Web, embora alguns deles não permitam uma consulta de sucesso… Todavia posso informá-la que tenho encontrado diversas referências ao seu familiar em muitas outras fontes relacionadas com a literatura em geral e a poética em particular. Nomeadamente em célebres ensaios de literatura escritos por algumas sumidades das Letras, como Jorge de Sena. Se bem que nunca sejam referências de grande profundidade…
7 – O meu último item é dirigido directamente a si no sentido de a aconselhar a voltar a ler com atenção (desculpe a insistência) o meu texto original para que possa esclarecer um pouco mais todo o sentido discursivo nele patente. Mas, não o deve fazer apressadamente, nem muito menos de “ânimo leve”. O tempo, nestas coisas, é sempre o melhor conselheiro. Desde que retempere a saúde e amadureça as suas ideias poderá com mais propriedade desenvolver o seu pensamento acerca destes assuntos.
Termino todo este meu arrazoado, que espero seja profícuo e pragmático – ainda que “crítico” – solicitando-lhe as mais sinceras desculpas pelo grande «incómodo» que lhe tenho causado. Acho que este debate tem sido proveitoso para ambas as partes, não lhe parece? Ademais esclareça-se que o principal desiderato deste “terçar de armas” que nos tem ocorrido nada mais é que o “dar o seu a seu dono”! Trata-se, sem tirar nem pôr, da diáspora das nossas almas.
Cordiais cumprimentos do seu poetAmigAodispor

Frassino Machado
In “Caminhos do meu pensar”
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 07/12/2013


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