De nome PRIMEIRO
do Reino SEGUNDO
onde está dom Sancho
busca tod’ o mundo.

A Cidade altiva
que a fama lhe deve
oscila à deriva
qual bobo almocreve...

No centro da Praça
no ponto central
ergueu-lhe com raça
um fiel pedestal.

Cidade em viagem
por sua memória
foi justa homenagem
contada na História.

De nome PRIMEIRO
do Reino SEGUNDO
onde está dom Sancho
busca tod’ o mundo.

No largo horizonte
desenha-se a Sé
a Praça ‘stá a monte
Dom Sancho, onde é ?

O incauto viajante
por portas travessas
ouviu o desplante
de loucas promessas.

Ao povo o Edil
fez pronta mensão
‘sconder no redil
o grande Sanchão.

E a Praça daria
em renda choruda
feliz lotaria
com gosto a taluda.

De nome PRIMEIRO
do Reino SEGUNDO
onde está dom Sancho
busca tod’ o mundo.

Meu Deus, ó Da Guarda,
senil manifesto,
demência não tarda
perante tal gesto ...

E o povo lamenta
os seus maiorais
jurando tormenta
para os Editais.

Mas eis, quando então,
alguém apontou,
puseram o Sanchão
em frente ao portão.

Em fétido beco,
o Rei sendo escuro
tornou-se boneco
de triste futuro.

De nome PRIMEIRO
do Reino SEGUNDO
onde está dom Sancho
busca tod' o mundo.

O Rei não merecia
esta alta traição
de quem só devia
a honra à Nação ...

Gentalha sem pejo
e com presunção
não lhes vejo ensejo
d’ alguma razão.

A História e a Idade,
feliz circunstância,
reporá a verdade
a curta distância !


Frassino Machado
In TROVAS DO QUOTIDIANO