"Troféu a ferros no Dragão"

Sou benfiquista por opção
E portista desde nascença
Lamento esta convulsão
Com sua triste virulência.

Este desporto quizilento
Caminha de mal a pior
Em todo o bom e mau momento
Não se vislumbra algum valor.

Por ser um Ano de Dragão
E para lucrar confiança
Tudo indica qu’ a convulsão
É uma colheita de vingança.

A Águia com asas de cera
Está voando sobranceira
Mas ela esquece que é quimera
Saindo cara a brincadeira.

Lá pr’ às bandas da Catedral
Cheira a campanha de eleição
Assim a trica é natural
E só comprova a tradição.

À míngua de fiéis contractos
Sobram juras e pantominas
Só é pena que os candidatos
Precisem destas vitaminas.

Se há visitas ou não ao Papa
E mesmo arroubos de poesia
Sai alarde de contracapa
Com vergonhosa hipocrisia.

Se há manifestos de polícia
Que não ‘scandalizam ninguém
Mina-se o poder com sevícia
Em troca da lei por vintém.

Suspeitar qu’ alguém é ladrão
É um gesto feio e perigoso
Desabona da educação
Não dando harmonia nem gozo.

Não há credenciais à Benfica
Nem isto melindra o Dragão
Usar manha só significa
Não se ter direito à razão.

Quem é ‘sperto já adivinhou
Qu’ alguém seu destaque deseja
Com esta saga demonstrou
Que já nem dorme com inveja.

Ó Portistas e Benfiquistas,
Porque é que vós não vos calais?
Deixai de ser maquiavelistas,
Tende juízo pois precisais!

Frassino Machado
In RODA VIVA