CANTO DE FRASSINO

Os meus horizontes são de Vida e de Esperança !

Textos

III - A ÚLTIMA CEIA - O banquete dos oportunistas
Após longa viagem sempre a caminhar
Chegou a comitiva para descansar.

Era já fim de tarde dessa quinta-feira
No calendário Essénio lido de fileira.

Perguntaram ao Mestre antes de anoitecer
- Onde quereis, Senhor, nossa Páscoa fazer?

- Informai a Simão que em casa dele será,
Dentro de duas horas estaremos lá!

Um grupo de discípulos foi ao palacete
Para ali preparar a festa e o banquete.

Inquiriram, primeiro, qual o honorário –
Seria por cabeça não mais que um denário.

Chegada a hora estava pronta a refeição
Na melhor sala daquela feliz mansão.

Por fim chegou o Mestre e toda a sua gente
Agradou-lhe o que viu em todo o ambiente.

Mandou a cada um que seu lugar tomasse
E que as melhores iguarias desfrutasse.

Indicou a Maria um lugar ao seu lado
E à frente dele Judas esperou recado.

Serviram carne e pão e até o melhor vinho
Correndo em todos um sorriso de carinho.

Por toda a sala havia toques e cantares
Como era tradição em festas e jantares.

À meia-noite alguém mandou servir o bolo
Que o Mestre recortou segundo o protocolo.

Fez-se um grande silêncio em toda aquela casa
De tal maneira que se sentiu estalar a brasa.

- Ouvi vós todos esta nova que vos dou
A partir de amanhã  a missão terminou.

- Estarei entre vós no pão qu’ ora comeis
E será desta forma que a mim me tereis.

- Não tenhais amargura desta triste ausência
Eis aqui o sinal da minha própria essência.

Fez-se um grande alarido entre os comensais
P’ la surpresa causada por palavras tais.

- Esquecei o que disse, toda a gente cante
E venha já p´ra mesa o melhor espumante.

- E vós todos, porém, sabei toda a verdade
Um de entre vós me há-de entregar nesta cidade!

De novo se puseram todos a gritar:
- Quem, Senhor… quem, Senhor, vos irá entregar?

- A quem eu der mais uma taça, esse será!
Faz o que te compete, ó Judas, p´la manhã.

Judas fitou o Mestre, bebeu e saiu
E a partir dessa hora ninguém mais o viu.

Chegou ao fim a grande Ceia do Cenáculo
Para começo, enfim, do horrendo espetáculo.

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 07/04/2012
Alterado em 12/04/2012


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