PRENDAS NATALÍCIAS I
I
A GERAÇÃO DO MENINO JESUS Custava tanto a passar aqueles dias, tão longos eram que causavam arrelias. A sorte sobre nós ditava uma sentença: sem um bom porte toda a prenda era suspensa. Ai bom Menino, por quem és, esquece lá e volta para mim no dia de amanhã. Não tive culpa da chuvada que apanhei e, desta forma – vês ? – logo me constipei... Quanto aos deveres da escola até já consegui fazer acreditar que eu tudo compreendi. Portanto, o professor dirá que cumpri bem ganhando, assim, as prendas melhor que ninguém. Noite de Natal, toda a gente vem cear batatas, bacalhau e doces a fartar. Um lume bem quentinho arde na lareira e eu a pensar nas prendas pela noite inteira. À meia-noite, dizem que elas chegarão enquanto os grandes à missa do galo vão. Ouvir tocar o sino logo ao fim da festa sinal seguro que da noite pouco resta... Não pregar olho toda a noite, como é ? irei, pois sim, e já, 'spreitar à chaminé. Ninguém se levantara ainda em toda a casa e nem luzia na lareira simples brasa... Óh, tive medo que o Menino não viesse (e aquelas prendas que pedi não me trouxesse?). Voltei então p' ra cama para eu sonhar qu' as prendas estariam lá ao acordar. E foi verdade que o Menino lá chegou e as duas prendas nas botinhas me deixou. Ah, ó Grande Menino, não esqueceste, não, que eu te havia pedido a bola e o pião ! Frassino Machado In A CANÇÃO DA TERRA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 24/12/2006
Alterado em 24/12/2006 |