TERTÚLIA ITINERANTE
Crónica Poética
de Frassino Machado Aquando da visita ao Museu da Presidência ( 25 - 10 - 2004 ) Reunidos naquela tarde, desprezando o temporal, visitaram os tertulianos o Museu Presidencial. Ao entrarem bem ufanos, como é de uso natural: vai de retro quaisquer danos - Revistemos s’ há metal. Toda a gente passou bem mas América acusou pois sua mala em Belém logo à entrada s’ encravou. Inquirida com perícia ali mesmo explicou: - corta-unhas sr. polícia, nada mais aqui passou! - É preciso ter bilhete ? Pois, que se há-de fazer, valia a pena um ralhete p’ ra tão pouca coisa ver ! - Não há desconto p’ ra gente, que somos de boa fé ? É uma Tertúlia diferente que veio cá por seu pé . - É Cultura, meus senhores, o que ali vão visitar , se não o fora os penhores logo haviam de o cobrar. Deixámo-nos de conversa pois o tempo ia passando, cada área bem diversa fomos todos admirando. É bem justo, pois então, destacar “instrução pública” vê-se amostra de intenção no Regime da República. Desfilam ali patentes qualidades e riquezas, prestígio de Presidentes sorrisos e delicadezas... - Logo havia de encontrar esta mulher horrorosa, aqui a mais deve estar para gente tão pomposa! Quem não gosta come menos, - vire os olhos, faz favor, há aqui coisas de somenos mas ‘stá tudo um primor! Destacadas e expostas, quer por mérito ou comendas, coloridas e dispostas preciosidades tremendas. ( A Tertúlia até merecia, pela sua persistência, uma simples honraria por parte da Presidência! ) Fomos ver um videograma, qual cinema simulado, um Palácio de tal fama cada vez mais recheado. Os dois Vates à porfia sentam-se p’ra ver também pois fazerem companhia não fica mal a ninguém. - Ponha os óculos sr. Eloy, veja aquela maravilha. Mas a ele o que lhe dói é não ser da camarilha. A fitar o senhor Carvalho diz Miranda em tom brejeiro: - Se não senta leva ralho, parece bicho-carpinteiro... As imagens vão fluindo, alternando à nossa frente, estão mesmo confundindo da Eugénia a permanente. - Aquela, sim, é jeitosa é um pedaço de mulher. A outra, além de feiosa, eu já nem a posso ver ! - Tu não sabes do que falas, cala-te mas é para aí. Agora já nem te ralas Com os qu’ stão por aqui! - Ó voçês, tenham lá termos, acabem co’ a discussão, viemos aqui p’ ra vermos o que há de bom, pois então! - Vejam aqueles retratos, todos eles de espantar, pela cara ‘stão bem gratos a quem os tentou pintar! - Columbano, tinha que ser, Medina, pois está claro. Paula Rego, nem p’ra ver... então Pomar? Caso raro! Passarele de estalar, com Soares apalhaçado. - Só na Feira Popular muito bem recomendado... - Ele gosta, diz a Rita, deitando água na fervura. - Toda a gente bem o fita e é assim que faz figura! - Sentemos aqui um pouco, vejamos se temos mais. - Sr. Carvalho até ‘stá louco por não haver recitais! - Pois sim. Foi minha sorte, só faltava essa “chaga”, ao menos que haja porte e a paz que Deus nos traga. - Pois, já que se faz rogado, nem é tarde nem é cedo, dê cá “profe” o «Obrigado» p’ ro Carvalho ter degredo! - Olha, ali está o Santana, ‘stá bem mesmo prazenteiro. - Parece ser de uma cana, cada vez é mais primeiro! - Posto que está tudo visto é melhor irmos embora que ainda temos previsto um belo lanche lá fora... - Gostámos muito de ter toda a vossa simpatia, enriquecemos por ver em tudo muita harmonia! - Valeu a pena a visita, tertulianos fiéis, apenas fica a desdita por não irmos aos pastéis. - Tudo é bom com boa capa, mesmo sem doces pastéis, nós em Roma sem ver Papa... francamente, por dois réis! - Aproxima-se a borrasca, já é tempo de zarpar p’ ra não ficarmos à rasca, diz Eloy a lamentar ... O Carvalho, ao ralanti, foi passando ‘strada além, quem lhe valeu foi Gracietti, não estivesse ele em Belém... América disse adeus a todos de uma assentada cada um por meios seus lá se foi de abalada. Nesta Visita brilhante toda cheia de virtude a Tertúlia Itenerante reforçou sua saúde. Haja mais virtude assim é o desejo que nos resta com aroma de alecrim e a alma sempre em festa. Todo o mundo é só dilema, injustiça e ilusão, façamos da vida poema e da poesia paixão ! Frassino Machado In TROVAS DO QUOTIDIANO
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 01/12/2006
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