RATIO VERSUS RES
DITO DE OUTRA MANEIRA :
"FILOSOFIA DA RATIO VERSUS FILOSOFIA DA COISA" Existe um VERBO na Língua Portuguesa - muito comum na linguagem quotidiana das regiões nortenhas - que tem no seu significado uma carga objectivante muito terra a terra. É o verbo « coisar ». No sentido comum da linguagem, quando se quer designar algo de uma forma objectiva e concreta, sem outro significado senão aquele que lhe é próprio, emprega-se « coisar ». Coisar significa, assim, a referenciação do valor e da realidade da coisa. ela mesma. Todavia, quando se pretende que esse referencial assuma um significado mais profundo, mais consistente, mais próximo do fenómeno original, tal como ele se nos revela, emprega-se « coisificar », que é como quem diz "ir mais além da coisa em si". Nesta circunstância, «coisificar» é ir ao encontro da substância da coisa, da sua objectivação, já não como referência a algo mas como realidade substancial. Coisificar é tornar substancial, é tornar concreto, é ser 'real' na plenitude do ser. Neste contexto, há que transpor o patamar do que apenas é objectivante, daquilo que se atinge a priori, para se passar ao patamar da significação racional, suportada já pela acção do sujeito e do seu pensar. Coisa, vem de res,rei... realis,realitatis... o que existe como tal, o que é real, o que constitui a realidade, o que tem suporte significante na própria raíz de si mesmo, do seu radical, do que "salta aos olhos". Há que entender, no entanto, que uma simples coisa, objectivável, que não oferece re-sistência pelo pensar, isto é que não oferece dúvida, num outro patamar mais con-sistente, terá de ser abordada pela via da meta-linguagem e da dinâmica do próprio pensar. Trata-se do plano do « para-lá da coisa ». É só pela acção do sujeito que esse fenómeno se revela. Porque tem lugar, como é óbvio, um salto do objecto para o sujeito, da cois para o ser-da-coisa, para o ser dela mesma. Assim se caminha da coisificação para a realização do ser, isto é, do plano da matéria para o plano da essência e do fundamento que, nada mais nada menos, é o plano do homem e do seu pensar. Concluindo, pela coisa mesma existe a matéria, ou seja, a coisificação. Na relação da coisa com a dinâmica do "pensar a coisa", coisificar, tem lugar o homem no seu devir, isto é, na sua humanização. Na primeira acessão encontramo-nos numa postura de objectivação/concretização. É o plano do ter. E só se pode ter o que puder ser coisificável. Na segunda acessão situamo-nos no campo da subjectivação/racionalização. É o plano do ser. E a morada do ser é no homem, no seu pensar, na sua rea-lização, como plenituda, sendo. Frassino Machado in CAMINHOS DO PENSAR
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 01/12/2006
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