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O BEIJA-MÃO POLÍTICO E AS MULHERES DO PS
Por
Frassino Machado

Aconteceram, na semana transacta, dois factos dignos de realce que, para já, foram duas pedradas no charco da panorâmica socio-política nacional.
Primeiramente, da tomada de posse do novo governo nacional, presidido por José Sócrates, fica para já bem notória uma lufada de ar fresco e de desanuviamento de rituais carunchosos, de cariz medieval. Por iniciativa do primeiro ministro, após consulta ao Presidente da República, foi decretado o fim do beija-mão social aos ministros empossados. Para além de ser uma perda de tempo inútil, este ritual ( quase ancestral ! ) de perto de duas horas, sendo tipicamente cortesão e monárquico, não tinha grande sentido acontecer numa república moderna, na qual se pretende diluir o peso das marcas passadiças obsoletas. Que haja cumprimentos e saudações entre os estadistas
e familiares mais chegados, ainda se entende. Agora que se passe um tempo infindo com salamaleques, as mais das vezes carregados de uma certa hipocrisia balofa, de facto, Sócrates esteve bem neste pontapé de saída.
Em segundo lugar, há que registar uma reacção ocorrida no próprio seio do maior Partido nacional – o PS. Foi o descontentamento das mulheres socialistas pela fraca representação que terão na formação do novo governo da Nação. É uma reacção justificável, quanto a nós, mas tem o peso que tem. Apenas isso. O ter transbordado para foros de mediatismo, sem freio, é que me parece um exagero. Se o primeiro ministro achou por bem apenas fazer convite a três ou quatro mulheres, entre muitas outras ministeriáveis, fê-lo com certeza baseado em critérios que lhe competem só a ele e, não tenhamos dúvidas, o engenheiro Sócrates é daquelas pessoas que não encarreira com cosméticas “para inglês ver “ nem em falsos arroubos de democratismos que, quase sempre, resultam em irresponsabilidades. Sócrates não compôs o seu/nosso governo para fazer de conta. Nem para ser elitista, como alguém comentou. Fê-lo, quanto a nós, na convicção de que nestes cidadãos que escolheu terá ele obviamente pessoas de alta competência e idoneidade para servir o país e para tentar retirar Portugal do lugar incómodo em que se encontra. E, para não ir mais longe, uma quantidade relevante de personalidades das mais diversas sensibilidades políticas, e não só, já se manifestaram positivamente quanto às opções do Primeiro Ministro. Seria fastidioso citar aqui os nomes, já que toda a comunicação social o tem referido. Todavia, as mesmas mulheres que manifestaram o seu desagrado pela ocorrência, devem agora sim, continuar a destacar-se pela sua acção cívica em prol da sociedade portuguesa, das instituições em que se inserem ou do meio em que exercem o seu quotidiano. Porque, em civismo, cidadania, cultura e arte, todos somos poucos para fazer de Portugal um País Novo.

Frassino Machado
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 01/12/2006


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