ELEGIA DE MIM
Nesta hora inclemente
com os minutos a passar leio de Andrade a Elegia para a alma despertar, os alunos sentados 'screvem o que devem e não devem p' ra balança equilibrar. As cigarras loucamente protestam o seu calor e eu cá dentro a recordar um passado demolidor, os alunos a pensarem s' é melhor atrás voltarem e 'screver com mais rigor. De Eugénio esta Elegia pelo muito que já sei grau difícil concerteza aos alunos desta grei, eu já nada duvidando vão os ditos 'screvinhando nos limites da dura lei. Passei já pelo meio-dia a natura dorme queda e a cigarra já não canta qua a água não corre leda, e por tudo o que me espanta já nada aqui me adianta pois o tempo em mim s' enreda. Na Elegia desta saudade o poeta em ais diversos num profundo sentimento chama alguém que não demora, e eu escrevendo meus versos com contornos bem perversos por virem ao pé da hora ... Ó tempo, sem paridade, por não dar fruto que valha, afasta-me deste tormento porque já te não entendo e se a turma ' inda trabalha é a razão que me encalha e co' isso nem me arrependo. Está bem perto o clarim neste exame Pátria Língua que o ritmo já abrandou e o espírito 'stá à míngua horizonte bem aberto sem saber o rumo certo seja forte ou mansa a língua. Esta é a Elegia de mim de um destino arquitectado que a sorte me deu na roda no alvor do professorado, assim sendo nada quero pois que eu já tudo espero porque me sinto enfadado ! Frassino Machado In ODISSEIA DA ALMA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 19/07/2006
Alterado em 19/07/2006 |