CANTO DE FRASSINO

Os meus horizontes são de Vida e de Esperança !

Textos

ELEGIA DE MIM
Nesta hora inclemente
com os minutos a passar
leio de Andrade a Elegia
para a alma despertar,
os alunos sentados 'screvem
o que devem e não devem
p' ra balança equilibrar.

As cigarras loucamente
protestam o seu calor
e eu cá dentro a recordar
um passado demolidor,
os alunos a pensarem
s' é melhor atrás voltarem
e 'screver com mais rigor.

De Eugénio esta Elegia
pelo muito que já sei
grau difícil concerteza
aos alunos desta grei,
eu já nada duvidando
vão os ditos 'screvinhando
nos limites da dura lei.

Passei já pelo meio-dia
a natura dorme queda
e a cigarra já não canta
qua a água não corre leda,
e por tudo o que me espanta
já nada aqui me adianta
pois o tempo em mim s' enreda.

Na Elegia desta saudade
o poeta em ais diversos
num profundo sentimento
chama alguém que não demora,
e eu escrevendo meus versos
com contornos bem perversos
por virem ao pé da hora ...

Ó tempo, sem paridade,
por não dar fruto que valha,
afasta-me deste tormento
porque já te não entendo
e se a turma ' inda trabalha
é a razão que me encalha
e co' isso nem me arrependo.

Está bem perto o clarim
neste exame Pátria Língua
que o ritmo já abrandou
e o espírito 'stá à míngua
horizonte bem aberto
sem saber o rumo certo
seja forte ou mansa a língua.

Esta é a Elegia de mim
de um destino arquitectado
que a sorte me deu na roda
no alvor do professorado,
assim sendo nada quero
pois que eu já tudo espero
porque me sinto enfadado !



Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 19/07/2006
Alterado em 19/07/2006


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