A VACADA DE LISBOA
Venham ver nestas praças de Lisboa
tantos animalejos tresmalhados não sei se do país ou 'strangeirados se de saúde dúbia ou muito boa... Venham ver, cada uma em sua cor, por aí à solta, à mão de semear, todos podem mexer e até montar estando aparelhadas a rigor. Muitas delas ser monos aparentam outras até enganam bem os tolos, venham ver, mas não façam nelas dolos, pois obras-primas todas representam. Umas vacas são claras e vistosas outras escuras, muito pintalgadas, outras de manchas vivas e malhadas e muitas delas espalhafatosas. Umas com cornos curtos lamentáveis outras com eles mui avantajados, os lombos são em todas alongados destacando-se os rabos admiráveis. Dá vontade a quem passa de as pegar assim como os forcados nas arenas, as pessoas s' admiram às centenas pedindo a alguém para fotografar. E se os adultos nisto se admiram e as crianças só fazem algazarra para aqueles que nunca viram farra jamais esquecerão o que ali viram. Ó malta, vinde aqui treinar a pega que a gente gosta de pegar o gado... e logo alguém valente e entroncado se atira para a frente na refrega. Ó puto, traz aí as bandarilhas qu' eu entro-lhe a galope e meto ferro e, se cair ao chão, outra lh' enterro qu' eu nestas coisas faço maravilhas! De vaca em vaca esta Cidade é moda fazendo lembrar velhos Carnavais que à falta de outros nobres ideais constrói cirandas com cabeça à roda. Já está na rua a Festa Popular com alma carismática Antonina, resta saber se a ideia peregrina criou esta Vacada p' ra ficar ? Frassino Machado In MUSA VIAJANTE
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 30/05/2006
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