A PÁSCOA DA CRISE
Onde se há-de comer esta Páscoa que tão nefasta está a acontecer? Cada dia que passa há mais sal onde sabemos já pão não haver... Onde se há-de comer esta Páscoa que tão negra estamos a observar? Cada hora que passa há mais medo onde sabemos já paz não restar ... Onde se há-de comer esta Páscoa que já tão estranha está a emergir? Cada instante que passa há mais fome onde sabemos já a ‘sprança se ir ... Onde se há-de comer esta Páscoa já sem cordeiro p’ ra se imolar? Cada vida que passa há mais morte onde sabemos não haver altar! Comeremos esta Páscoa, sim, nos negros trilhos da corrupção! Cada dia que passa há mais rosto Sem vergonha e sem coração. Comeremos esta Páscoa, sim, nas tortuosas sendas da violência! Cada hora que passa há uma mente Sem espaço para haver clemência. Comeremos esta Páscoa, sim, nas míseras enxergas da doença! Cada instante que passa há um ser sem sentimento p’ ra dor imensa. Comeremos esta Páscoa, sim, nas múltiplas vielas da pobreza! Cada vida que passa há uma alma sem tempo para matar a tristeza. Frassino Machado In JANELAS DA ALMA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 04/04/2009
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