20/01/2007 09h39
DE DANIEL DE SÁ PARA FRASSINO
Meu Caríssimo Amigo
Num dos meus livros (Ilha Grande Fechada)escrevi "Parte-se sempre com atraso quando se parte das ilhas.” Há uns bons pares de anos, uma professora que veio a S. Miguel em serviço sindical disse a um colega, natural da Terceira mas que vivia aqui na Maia por se ter casado cá, que não sabia que houvesse quem escrevesse aqui do modo como vira num jornal. Referia-se à qualidade da escrita e ao facto de ser um artigo de crítica ao Governo Regional da altura, que era do Mota Amaral. Havia esse autor e muitos outros, felizmente. Mas há alguma culpa naquilo que de cá se "exporta". Aliás, ficássemos pelo que mostra a TV, e o próprio Continente Português não passaria, a nossos olhos, de um coito de vilões. A informação do negativo é que interessa, e acabou-se. A própria literatura vai na cantiga, e até Estocolmo premeia de preferência escritores derrotistas, levando vantagem os que ponham em causa a Igreja Católica. Não tem de ficar agradecido por nada, palavra de honra. Só espero que goste do vídeo. Já agora, avanço que não tive despesa com ele. O texto foi o primeiro trabalho que fiz para essa editora. O editor, que não me conhecia, pois é continental e está cá há pouco tempo, ficou muito satisfeito, e até me pagou o triplo do que havia proposto. (Nunca escrevi por dinheiro e muito pouco tenho ganhado com a escrita. De tal maneira que, estando em formação uma enciclopédia açoriana virtual pela Universidade Católica, ofereci-me para ler a parte da Geografia micaelense, que tem erros graves, sem pedir qualquer contrapartida. Curiosamente, a publicação vai na letra "M", pelo que terei de escrever sobre a Maia... Já lá está um artigo meu, sobre "Insularidade". Foi a primeira vez que uma enciclopédia registou a palavra, pelo que acabei por ter uma responsabilidade acrescida...) Além do pagamento, o editor ofereceu-me uma quantidade muito razoável de DVD, que deu para oferecer a amigos que julguei interessados. Bonita, essa história do Raul Brandão. Foi pena ele não ter passado pela Maia. Aliás, até há poucas décadas, havia muita gente que a confundia com a Lomba da Maia, por esta ficar na estrada regional. Curiosamente, foi só há cerca de um século que aquela freguesia deixou de pertencer à Maia. E desta fizeram parte as famosas Furnas (até ao séc. XIX) e os Fenais da Maia (agora da Ajuda) durante mais de um século. Espero que os seus alunos gostem do DVD. Que vejam como a paisagens é bela e como aqui se fala um Português que creio que não envergonha o que se fala em Lisboa. A minha filha mais nova não mora muito longe do meu Caro Amigo. É em Odivelas, na rua Gil Eanes, perto do "Oceano". Um grande abraço, mahatma Frassino. Daniel Publicado por FRASSINO MACHADO em 20/01/2007 às 09h39
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