Eu não sei nunca, quando é que a tua loucura
É a verdade que eu não posso suportar.
Eu não sei mesmo se a minha razão
Me prende o pensamento
E a tua é a ponte para voar.
Assustas-me e fascinas-me.
Em ti, há um olhar perdido no infinito;
Em mim, há a possibilidade de ver só até
Onde a vista alcança....
Quando te vejo sorrir, quando te vejo brincar
Como criança, quando falas de coisas que eu sinto,
Mas não posso entender,
É como uma música dum Mundo perdido, mas que foi...
É como aquele pássaro que existe,
Mas que existe porque a gente o espera...
Olho-te e tento compreender.
(Porque fui educado para compreender e não para olhar).
Mas quando, em certos momentos, como faíscas
E raios de uma outra luz, eu «vejo mais» ...
Ah! Lá, quando eu me dispo das minhas «verdades»,
Dos meus «uniformes» e das minhas «razões»;
Lá, nesse teu mundo, que é loucura, dor, alegria,
Beleza, ternura, violência, amor e delicadeza;
Aí, quando me encontro contigo, mesmo contigo,
Apetece-me abraçar-te, fazer-te festas nos cabelos...
E ficar assim... Só assim..
Cantar-te uma canção de embalar e dizer-te:
Deixa lá! Eu também não entendo...
Júlio Roberto