( 1888 – 2008 )
Pessoa/120 anos: Escultura presta homenagem em frente à casa onde nasceu o poeta
Lisboa, 13 Junho - Lisboa tem, a partir de hoje, uma nova estátua de homenagem ao poeta da cidade, Fernando Pessoa, inaugurada no âmbito das comemorações dos 120 anos do seu nascimento, que não têm extensão nacional.
A estátua impõe-se no meio do Largo de S. Carlos, mesmo em frente à casa onde o poeta nasceu, em 1888, e é uma das muitas homenagens que a cidade de Lisboa presta ao escritor de "Mensagem". Na opinião do presidente da Câmara de Lisboa, a cidade tem sabido prestar a Pessoa a homenagem que o poeta merece e tem sabido fazê-lo das mais variadas maneiras.
"Como é sabido, o município tem mantido desde há vários anos a Casa Fernando Pessoa que hoje tem uma actividade muito estimulante, quer na preservação do espólio, quer na digitalização de toda a sua documentação, como na investigação. (...) Mas na verdade, a melhor demonstração de que Pessoa se vai entranhando nas pessoas e as pessoas se vão apropriando dos seus poetas é ouvir as Marchas na cidade de Lisboa e na quantidade de marchas que se referiam a Pessoa como sendo um dos grandes poetas da cidade", defendeu António Costa no final da inauguração da escultura, da autoria do belga Jean-Michel Folon.
Poema que dizem ser
Inédito de Pessoa
Caeiro
Gosto do Céu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d´isso ha absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e tem um fim,
E que antes e depois d´isso não havia tempo.
Porque há-de ser isto falso? Falso é falar de infinitos
Como se soubéssemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.