“Parafraseando Silas Correa Leite”

Faço anos como quem passa
Pela vida, como eu, sem os fazer, mas duram.
Fiz-me de sangue, suor e lágrimas
E assim vou andando e nem ligando
Às circunstâncias da trivial indumentária
Ou do cardápio personalizado.

Dia de Aniversário de cada um
É o dia mais banal do mundo
Deixamos a segurança do planeta berço
E viemos parar ao terreno desértico,
À escória mundanal do espaço.

Longe de Vimaranes, da maternal Casa,
O mundo é chocho, vazio e caos.
Tento sobreviver, sem ligar a máscaras
E refugio-me na resiliente Poesia
E no escrever de palavras viajantes.

O dia do Nascimento de qualquer vivente
É análogo ao da sua própria morte…
Neste Devir, quer antes, quer depois,
Somos constantemente banais
E o escrever criativo é, tão só,
O aperfeiçoar do Sonho.

O mês em que fazemos anos, curto ou longo,
Torna-nos lunáticos e, por vezes, selvagens
E sendo nós poetas d´ horizontes perdidos
Voltamos a renascer em qualquer lugar
Para nuances criativas, na luta de que a Poesia
Mostre aquela aura imaginária da Descoberta.

Faço Aniversário como quem passa,
Como quem resiste ao impasse da Vida
Longe de Casa, longe da Mãe, longe de Vimaranes,
Longe de Mim: do meu próprio permanecer.
O que eu, afinal, continuo sendo é
Meio-selvagem, meio criança, meio Alma,
Meio viandante terráqueo, na constante busca
Da chama de um farol frente à Terra-Prometida,
Rogando a Libertação, a Paz e a Luz!  

Frassino Machado
In “CORAÇÕES ANSIOSOS”