CANTO DE FRASSINO

Os meus horizontes são de Vida e de Esperança !

Textos

E O BURRO SOU EU
Quanto mais cedo encaramos o nosso dia-a-dia
Procurando atempadamente cada serventia
Logo alguém se borrifa para esta prontidão:
- Ok, ok, mas tenho cá uma crise que me deu!
- Pois, pois, mas enquanto uns se esforçam, outros não
E… o burro, sou eu!  

Quanto mais nos empenhamos em ser solidários
Procurando descobrir os apoios necessários
Logo alguém reage, por dá cá aquela palha:
- Ok, ok, mas deita para cá o meu!
- Pois, pois, esta mísera vida é um Deus me valha
E… o burro, sou eu!

Quanto mais nos aplicamos em cumprir cidadania
Procurando um mundo melhor e sem fantasia
Logo alguém faz de conta, assobiando pró lado:
- Ok, ok, cada um que trate daquilo que é seu!
- Pois, pois, é assim que vemos o mundo lixado
E… o burro, sou eu!

Quanto mais se diz que prolifera a exploração
Procurando, para todos, uma honesta ambição
Logo alguém encolhe os ombros troçando:
- Ok, ok, mas eu orgulho-me de ser plebeu!
- Pois, pois, é assim qu´a corrupção vai medrando
E… o burro, sou eu!

Quanto mais se desmascaram injustiças e horrores
Procurando mentalizar as pessoas para os valores
Logo alguém enche o peito s´ envaidecendo:
- Ok, ok, mas nunca me armei de fariseu!
- Pois, pois, é assim que a impunidade vai crescendo
E… o burro, sou eu!

Quanto mais alertamos para as maledicências
Procurando apontar o dedo às prepotências
Logo alguém o contesta, com toda a lata:
- Ok, ok, mas antes assim do que ser pigmeu!
- Pois, pois, por estas e outras, a ostentação mata
E… o burro, sou eu!

Quanto mais denunciamos o qu´a violência faz
Procurando consciencializar para a busca da paz
Logo alguém protesta, de forma pachorrenta:
- Ok, ok, dentro da minha casa é um céu!
- Pois, pois, co´ esta hipocrisia já ninguém aguenta
E… o burro, sou eu!

Quanto mais revelarmos a desumana desventura
Procurando agitar as consciências para a cultura
Logo alguém levanta a voz do sensacionalismo:  
- Ok, ok, o prazer da vida é o melhor troféu!
- Pois, pois, e assim se aprofunda o consumismo
E… o burro, sou eu!

Quanto mais constatamos o vício da alienação
Procurando diminuir o excesso da endeusação
Logo alguém faz questão de embandeirar:
- Ok, ok, o meu coração não ensandeceu!
- Pois, pois, mas os chavões tendem a aumentar
E… o burro, sou eu!  

Quanto mais testemunhamos o valor da harmonia
Procurando sensibilizar o mundo para a poesia
Logo alguém s´ assume como farol da verdade:
- Ok, ok, mas ninguém me obrigue a ser Orfeu!
- Pois, pois, e assim vai a presunção e a vaidade
E… o burro, sou eu!

Frassino Machado
In ODIRONIAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 03/12/2019
Alterado em 03/12/2019


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