«Trovas populares»

Mês de Junho, mês do povo,
Mês alegre e popular
Num espírito sempre novo
E uma alma de encantar.

Vamos todos, rua a rua
Cantar trovas manhã cedo,
Peito aberto e alma nua
Venha a marcha e o folguedo.

Não há nada qu´ enganar,
O calor é sempre o mesmo,
Venham quadras d´enfeitar
Prós manjericos a esmo.

Mote a mote cada Santo
Bem merece o nosso preito
Cada gesto é um encanto
Na tradição e no respeito.

Santo António, tu és moço-rei
Nesta Lisboa-capital,
Andar na marcha é de lei
Quer se dance bem ou mal.

Passam todos p´ la Avenida
A que chamam Liberdade
Cada bairro faz p´ la vida
Pra ganhar e com vaidade.

Há cheirinho a sardinhada,
Vinho tinto e pão de milho,
Já lá vem a madrugada
Venha lá mais um quartilho.

São João, tu és maroto,
Gostas muito de enganar
Finges Lisboa, vais pro Porto
Com martelos a dar-a-dar.

Alfacinhas e tripeiros,
Ninguém sabe o qu´ eles são,
Na pantomina os primeiros
Basta haver ocasião.

E de Braga, nem se fala,
Na cidade ou em Amares,
Santo António, ninguém o cala
São João, só mesmo uns ares.

E São Pedro, o Pescador
De sardinhas em Varzim,
Tu, na Rusga, só de andor
E enfeitado de jasmim.

Ai os Santos Populares
Neste alegre mês de Junho
São motivo de cantares
Quadras fartas com´ um punho.

Cada verso, trova activa,
Tradição é desafio,
Todo o povo se incentiva
Com ar de festa e este brio.

Tantas terras que festejam
Os seus Santos d´ eleição
Com foguetes que estrelejam
Dentro do seu coração.

Santo António, João e Pedro,
Não há nada qu´ os ensombra,
Vencem sempre qualquer medo
Festejando e de arromba!

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA