“Ao Rui Telo”

“São Jorge-poeta me chamaram
E o meu amigo terá razão
Mas das ideias que sobraram
Nada abona para o Dragão!”

Se de “São Jorge” me chamam,
Ficando eu repleto de espanto,
Qualquer dia logo me tramam
Por fazerem de mim um santo.

Ora vejam isto lá bem,
Tão grande é a aberração,
Pois que tal coisa não convém
Por ter negócio de dragão.

Sou lutador inveterado,
Mas não exageremos tanto,
Há engodo em todo este fado
Ficando eu repleto de espanto.

De São Jorge não tenho nada
E, cá a mim, não me enganam
Pois co´ a vida toda enrolada
Qualquer dia logo me tramam.

Aceito que me chamem poeta
Muito arrumado no meu canto
E jamais ficarei vedeta
Por fazerem de mim um santo.

O São Jorge era um arcanjo
Lutando c´ um dragão perverso
Eu, porém, mal me arranjo
Pra fazer um mísero verso.

“São Jorge-poeta” nem pensar
Será para mim um dilema
Em todo o sonho ando a lutar
Por fazer da vida um Poema!

Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA